Tirem esta dor, senão arranco a minha cabeça fora!
Os nervos occipitais maior e menor emergem da coluna cervical e ramificam-se ao longo do couro cabeludo. A neuralgia occipital é uma condição que esses nervos podem ser comprimidos ou danificados, gerando uma dor crônica, que por muitas vezes pode proporcionar uma sensação de queimação na parte posterior e lateral da cabeça.
Anatomofisiopatologia
Os nervos occipital maior, menor e o trigêmeo fornecem aferências sensitivas para os neurônios de segunda ordem, localizados ao nível do núcleo caudado do trigêmeo e dos primeiros segmentos cervicais. Estímulos dolorosos sobre o nervo occipital maior proporcionam alteração no metabolismo destes neurônios e, se forem sustentados, o aparecimento de síndromes álgicas craniana limitados ou não ao território deste nervo.
O nervo occipital maior origina-se de ramos posteriores dos segmentos C1 e C2 da coluna cervical; após sua emergência do gânglio, o nervo adquire trajeto recorrente em direção à borda inferior do músculo oblíquo capitis, contornando-o e trafegando em direção superior, adquirindo neste momento intima relação com o músculo semiespinhoso capitis; a partir deste ponto, cruza o referido músculo, mantendo o seu trajeto ascendente e estabelecendo nova relação ao passar sob o músculo trapézio; em sua última porção, o nervo atravessa as fibras tendinosas do músculo trapézio, exteriorizando-se no tecido celular subcutâneo. O trajeto percorrido pelo nervo permite o surgimento de diferentes pontos com vulnerabilidade variável, e apresentação clínica específica.
Causas e Quadro Clínico
A neuralgia occipital primária é rara, e alguns duvidam de sua existência. A teoria sugere um processo inflamatório neural, devido à contração muscular crônica, causando isquemia neural. Além disso, o nervo está sujeito a um certo grau de torque pela acção dos esternocleidomastóideos e trapézio. Neuralgia occipital mais vulgarmente se desenvolve após um ” chicote ” cervical ou occipital, contusão ou por modificações biomecânicas. Geralmente, os nervos estão mais sensíveis pela pressão exercida pelos músculos por onde passam.
O espasmo muscular e a dor são frequentemente associados com o aprisionamento dos nervos occipitais maior e menor, que por sua vez fazem com que a dor localizada e a contração muscular gerem um ciclo vicioso de dor-espasmo-dor.
Os sinais e sintomas são dor entre a parte de trás da cabeça, com exacerbações de curta duração, dor à palpação, assim como sensação de formigamento, dormência e fraqueza. Os sintomas podem durar horas a dias, variando a sua intensidade. É comum encontrar pontos de gatilho, mas foi observado que a percussão ou pressão sobre o nervo afetado pode induzir parestesia ou disestesia no território inervado. A pele do couro cabeludo pode permanecer sensível e haverá diminuição da rotação e flexão cervical por espasmo muscular reflexo.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é principalmente clínico, sendo necessário definir os seguintes critérios:
A. A dor é sentida no trajeto dos nervos occipitais maiores e menores.
B. A dor é forte e possui sensação de queimação (paroxística).
C. O nervo afetado é sensível à palpação .
D. A clínica cede temporariamente ao bloqueio anestésico local do nervo afetado.
O tratamento pode ser fisioterapêutico associado com o medicamentoso (ex: carbamazepina e indometacina). Caso a dor não cesse, pode ser necessário o bloqueio do nervo afetado e, em últimos casos, a intervenção cirúrgica.
Referências
PIOVESAN, ELCIO JULIATO et al. Nevralgia do occipital maior associada a lesão osteolítica occipital: relato de caso. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1999, 57(1);114-119.
SANDOVAL, P. Neuralgia Occipital. Cuadernos de Neurologia. (online). 2002, 26(1).
Figura-Fonte(http://www.medicalexhibits.com/medical_exhibits.php…)
Fernanda Lopes
Acadêmica do quarto período de Medicina
Centro Universitário do Espírito Santo (UNESC)